O LIMITE SEM
PACIÊNCIA
Iron Junqueira
Rogo, Senhor, o de que preciso
entender...
Porque falas - e
eu não te ouço...
Eu te pergunto e
me respondes,
Mas não te entendo...
Falas a voz do
vento,
Que cicia calmo,
contínuo e mudo,
Só O entendem as frondes que cantam...
Eu te pergunto,
Mas me respondes
com o murmurejar dos rios.
Só as ondas O
podem compreender...
Falas com o
chilrear dos passarinhos,
Mas eu não sei voar...
No oscilar dos
ramos em flor ou nas pétalas que se despedem.
Mas eu não sei o
idioma dos que chegam e dos que vão...
Um milhão de perguntas eu te faço,
Senhor,
E Tu me dás a
resposta dos mistérios
Nas folhas secas
que se despojam da haste...
No aroma que
recende de uma quaresmeira...
No saltitar do
melro que colheu um ramo para o seu ninho...
Na gota
pequenina de orvalho que numa folha ficou...
Nas borboletas
brancas, amarelas, azuis, que voejaram ao prado quieto e mudo.
Em tudo que Te indaguei Senhor, me deste
uma resposta.
Mas sou pobre
como um seixo esquecido pelo mundo num recanto remoto e desconhecido...
Sou um grão de
areia que sequer sabe da própria existência,
Se te pergunto Senhor, o que será de mim
– no meu amanhã?
No meu amanhã
nem sei se lá estarei,
Então, resta-me trabalhar, calar, viver
e esperar.
O que vier –
virá.
Só isto. Nada
mais. Esperar...
Mas há um milhão
de anos que espero Senhor!
O Senhor é de
fato a paciência sem limite.
Eu sou o limite sem paciência.
09.02.2012
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