quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O LIMITE SEM PACIÊNCIA



O LIMITE SEM PACIÊNCIA
  Iron Junqueira


Rogo, Senhor, o de que preciso entender...
Porque falas - e eu não te ouço...
Eu te pergunto e me respondes,
Mas não te entendo...
Falas a voz do vento,
Que cicia calmo, contínuo e mudo,
Só O entendem as frondes que cantam...

Eu te pergunto,
Mas me respondes com o murmurejar dos rios.
Só as ondas O podem compreender...
Falas com o chilrear dos passarinhos,
Mas eu não sei voar...
No oscilar dos ramos em flor ou nas pétalas que se despedem.
Mas eu não sei o idioma dos que chegam e dos que vão...

Um milhão de perguntas eu te faço, Senhor,
E Tu me dás a resposta dos mistérios
Nas folhas secas que se despojam da haste...
No aroma que recende de uma quaresmeira...
No saltitar do melro que colheu um ramo para o seu ninho...
Na gota pequenina de orvalho que numa folha ficou...
Nas borboletas brancas, amarelas, azuis, que voejaram ao prado quieto e mudo.

Em tudo que Te indaguei Senhor, me deste uma resposta.
Mas sou pobre como um seixo esquecido pelo mundo num recanto remoto e desconhecido...
Sou um grão de areia que sequer sabe da própria existência,

Se te pergunto Senhor, o que será de mim – no meu amanhã?
No meu amanhã nem sei se lá estarei,
Então, resta-me trabalhar, calar, viver e esperar.

O que vier – virá.
Só isto. Nada mais. Esperar...
Mas há um milhão de anos que espero Senhor!
O Senhor é de fato a paciência sem limite.
Eu sou o limite sem paciência.

09.02.2012  


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